Dupla que forjou morte com ketchup se complica mais do que mandante na Bahia
A dupla que forjou uma morte usando ketchup para enganar a suposta mandante do crime deve acabar levando a punição mais pesada do episódio, registrado em Pindobaçu, cidade de 20 mil habitantes e a 381 km de Salvador, no norte da Bahia. Isso porque, segundo a Polícia Civil, os dois deverão ser indiciados por suspeita de estelionato (previsão de um a cinco anos de prisão) e apropriação indébita (um a quatro anos de detenção).
O ex-presidiário seria amigo da vítima e, com ela, tramou simular a morte para enganar a suposta mandante. Carlos então amordaçou Lupita, cobriu o corpo dela com ketchup e colocou um facão entre seu braço e corpo. Com o cenário "perfeito", o ex-presidiário registrou uma foto como "prova do crime” e recebeu o pagamento. Há rumores na cidade de que Carlos tenha se apaixonado por Lupita e, por isso, não teria conseguido realizar o "serviço". A polícia não confirma tal informação.
Suspeitos devem responder por estelionato, enquanto a suposta mandante do crime pode ser enquadrada por delitos mais leves
Foto: DivulgaçãoAmpliar
Para compor a farsa, Lupita foi amordaçada e coberta por ketchup para simular sangue
Já a suposta mandante é investigada por crimes de menor potencial ofensivo, como falsa comunicação de crime (um a seis meses de prisão) e ameaça (um a seis meses de detenção). “Como não houve nenhum ato para caracterizar tentativa de homicídio, a suposta mandante não deve responder por esse crime”, afirmou ao iG o delegado Marconi Lima, que apura o caso.
O episódio ocorreu em junho, mas só repercutiu em Salvador e no resto do País nesta semana. De acordo com a investigação, a dona de casa Maria Nilza Pereira Simões encomendou por R$ 1 mil a morte de Erenildes Aguiar Araújo, conhecida como Lupita, ao ex-presidiário Carlos Alberto Alves de Jesus.
Mas o plano da dupla não deu certo. Maria Nilza, que teria encomendado o crime por ciúme - Lupita namorava seu ex-companheiro - encontrou a "vítima" dias depois em uma festa na cidade. Maria resolveu então registrar queixa na polícia por roubo contra Carlos, que acabou confessando a história em depoimento.
A Polícia Civil estima concluir o inquérito em dez dias. Maria Nilza nega ter encomendado o crime, segundo o delegado Lima. “Mas nós já apuramos que isso ocorreu”, afirmou o delegado.
Fama em Pindobaçu
O policial também comentou o fato de Lupita, que passou a ser conhecida em Pindobaçu como “mulher ketchup”, não ter se importado em circular pela cidade após a farsa. “Em cidade pequena, ela achou que nada fosse acontecer com ela”, afirmou. A polícia também apurou que o ex-presidiário tem passagens anteriores por delegacias por roubo e furto.
A cidade do norte baiano parece se divertir com a fama repentina. Até o prefeito Hélio Palmeira (PR), em entrevista a um jornal baiano, classificou a repercussão como “positiva”. “Pelo menos eleva o nome da cidade. Afinal de contas, não houve violência. Ninguém morreu”, disse.